DOCÊNCIA NAS ESCOLAS DO CAMPO:
A ARTE DE EDUCAR
Josedalva Farias dos
Santos[1]
Resumo: A motivação básica que nos levou a
este estudo é a reflexão sobre o papel do professor das escolas do campo na
arte de ensinar. Arte que é essencial quando se leva a sério o desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem. Este artigo traz como tema: Docência nas
Escolas do Campo: A Arte de Educar; essa função deve ser desenvolvida com muito
amor, comprometimento, para que haja em sua desenvoltura resultados que
tornarão nossos educandos críticos e autônomos.
A educação do campo é muito
importante para fixar o homem no campo e prepará-lo para o seu trabalho diário
e ela deve valorizar a cultura, os conhecimentos e a realidade de cada educando.
E a forma como se dá essa construção deve ter como eixo a afetividade, pois o
aluno possui sentimentos próprios. Quando ensinamos com amor transmitimos em nosso
ofício o verdadeiro conhecimento. O professor que se descobre como pessoa consciente
percebe que seu trabalho é uma arte e deve ser exposto com muito amor e
dedicação. Pretende-se por meio deste tema, enfatizar a importância do ensino-aprendizagem
nos dias atuais, focalizando o avanço no aperfeiçoamento dos métodos
educacionais, visando à relação entre construir - reconstruir e compreender os
processos cognitivos, sociais, emocionais e pedagógicos.
Palavras Chaves: Docência.
Arte. Afetividade.
Abstract: The basic
motivation that led us to this study is a reflection on the teacher's role of
schools in the field of art ensinar.Arte that is essential when it takes
seriously the development of education-aprendizagem.Este process paper presents
the theme: Teaching in Rural Schools: The Art of Educating; this function
should be developed with love, commitment, so there in your results that will
ease our critics and independent learners. The education field is very
important to secure the man in the field and prepare it for your daily work and
she should value the culture, the knowledge and the reality of each educando.E
the form in which this construction should have the axis affectivity, because
the student has feelings. When we teach with love for our craft we convey the
true knowledge. The teacher who finds himself as a conscious person realizes
that his work is an art and must be exposed with much love and dedication. It
is intended through this theme to emphasize the importance of teaching and
learning today, focusing on the advancement in the improvement of educational
methods, aiming at the relationship between build - rebuild and understand the
cognitive, social, emotional and learning processes.
Key Words: Teaching. Art. Affectivity.
INTRODUÇÃO
Ensinar é desenvolver
o dom de semear a arte do conhecimento. O exercício da tão elevada docência é uma
arte em que estão resumidas as virtudes mais elevadas: a sabedoria; a paciência;
a persistência; o compromisso. Ensinar com palavras e exemplos nas escolas do
campo é sem dúvida muito prazeroso e uma das mais nobres aspirações humanas.
No atual processo de
formação de uma nova cultura planetária constatam-se transformações vertiginosas
em relação a todos os campos, dão-se no contexto de mudanças de paradigmas, que
exigem repensar as relações natureza/sociedade/cultura, as quais afetam o mundo
do trabalho e do conhecimento.
Foi neste caminhar,
que se exigiu a realização desse TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), com a
finalidade de potencializar reflexões na construção do conhecimento em prol da
acadêmica Josedalva Farias dos Santos do Curso Pós-Graduação em Nível de
Especialização Lato Sensu, oferecido
pela Ucamprominas, como requisito parcial para obtenção do título de
Especialização em Educação do Campo, no ano de 2014.
Ensinar exige
dedicação e amor. O docente é conhecedor e capaz de fazer o educando transformar
sua realidade, incentivando-o para o despertar, o desejo de mudança, do querer
ir além. Acredita-se que esse processo é contínuo, inacabável, pois a todo
momento anseia-se por aprender ou saciar as interminadas e infinitas
necessidades cognitivas. Luckesi enfatiza que a ação docente só terá sentido se
o professor atentar para o seguinte princípio da prática docente: “Estar
interessado que o aluno aprenda, se desenvolva individual e coletivamente” (1994,
p. 68). Segundo ele, o interesse do professor pelo aluno é o aspecto mais
importante e significativo para que o aluno seja capaz de efetivamente aprender
a aprender.
DESENVOLVIMENTO
O homem é um animal precoce,
‘nasce cedo’, antes de estar preparado para a vida, e leva muito tempo até se
tornar independente e capaz de sobreviver sem os cuidados de outra pessoa. Vem
ao mundo com algumas poucas reações reflexas e necessita, que lhe ensinem a se
relacionar com o mundo. O homem é, portanto, moldado pelo ambiente em que é
criado. Pessoas de seu convívio tem íntima influência sobre sua criação e
personalidade. O crescimento é marcado por várias fases e evolui com o acúmulo
de experiências e as descobertas naturais provocadas pela curiosidade. Haaf
(1979, p. 158) resume a evolução humana amparado em:
Três inventos que tornaram o homem o que ele
é hoje: o fogo, a agricultura e a escrita. O fogo tornou o homem independente
da zona climática tropical e a agricultura libertou-o da oferta limitada da
natureza. Por seu lado, a escrita quebrou as barreiras que a memória impunha à
crescente sabedoria humana.
Surge, portanto, a
consciência humana, o sentimento de pertencer a um grupo, um clã, um povo, uma
raça, enfim, ser um homem social e político. Einstein (1981) conseguiu
sintetizar esse sentimento pessoal de pertencer a uma comunidade, com sua
afirmação: “Eu, enquanto homem não existo, somente como criatura individual,
mas me descubro membro de uma grande comunidade humana. Ela me dirige corpo e
alma, desde o nascimento até a morte”. (Einstein, 1981, p. 14).
A sociedade humana não
surgiu definitivamente pronta, ela é o produto de muitas buscas e, a princípio,
cresceu sem mestres e sem orientação. A escola foi criada para padronizar e dar
ao homem, em formação, o conhecimento que as pessoas julgam necessário e
suficiente para a sua integração na cidadania.Nesse sentido, a educação do
campo surge a partir de um olhar diferenciado para os sujeitos que estabelecem
a sua relação com o saber partindo de sua realidade.
As escolas do campo colaboram
para a transformação social da realidade em que esses sujeitos estão inseridos.
Existe, então, uma relação entre educação, escola e sociedade, as quais passam
por transformações contínuas, sendo que o desenvolvimento da escola interfere
na sociedade, e a sociedade também interfere na escola. Sabemos que as escolas
do campo tornam se o segundo ambiente para muitos alunos que dela fazem uso.
Nessa dimensão, a educação do campo deve pensar numa formação especifica e
trabalhar a visão dos sujeitos em cada realidade.
Portanto a educação tem um papel fundamental
na construção de um cidadão crítico e pensante, que irá enfrentar e agir diante
de desafios que ocorrem dentro e fora da escola.
“Educação é um dos principais
meios de realização de mudança social ou, pelo menos um dos recursos de
adaptações das pessoas, em um mundo em mudança” (BRANDÃO, 1995).
Freire (2000) enfatiza a
importância da educação por meio de um convite à reflexão político-pedagógica, e
trata a educação para além da sala de aula: coloca que o cidadão é visto como
portador dos direitos civis e políticos do Estado, frisando: “Que procura
sempre a unidade entre a prática e a teoria. E que seus livros bem ou mal, são
relatórios desses fazeres”. Nesse contexto o professor como educador-político
precisa trabalhar em favor das classes populares (menos favorecidas), discutindo
seus sonhos, suas frustrações, seus medos, seus desejos e suas alegrias. De
modo que para ser politicamente responsável e social, o educador não pode se
acomodar às estruturas da sociedade e deve aos poucos se preparar para ser
eficiente interferindo de uma maneira positiva em seu circulo de influência.
Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os medos e os desejos dos
educandos, os educadores que abraçam a ideia de uma educação popular têm em
seus alunos um ponto de partida para sua ação. Sendo uma de suas tarefas,
descobrir o que pode e o que não pode ser feito no sentido de contribuir para
transformar a realidade de uma maneira positiva, criando um mundo mais humano.
No processo de ensino e
aprendizagem, alguns pontos são consensuais e praticamente universais. Saber
ler, escrever, interpretar, contar, são saberes absolutamente indispensáveis
para todos, e alcançáveis na fase escolar. De acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional:
“A educação deve ser vista como um processo
formativo que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (LDB, 1996).
Nesta perspectiva de desenvolvimento
contemporâneo é válido reconhecer a importância dos quatro pilares estruturais
que sustentam o ser humano neste novo paradigma: aprender a aprender, aprender
a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.Estes pilares apontados pela UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) trabalha
fundamentalmente, pela luta para democratização dos conhecimentos produzidos
historicamente pela humanidade. Tem como missão o papel de modificar o homem e
a política por meio da educação e isso lhe dá o aval para ser uma agência
catalisadora na disseminação de soluções inovadoras para os desafios
encontrados.
Daí a necessidade de uma
nova mudança no papel da educação, segundo Gadotti (2003) “Diante da velocidade
com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em
constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar,
de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou
permanentemente necessária”, sendo não apenas transferência de conhecimento
(professor-aluno), mas colocando o educando em primeiro lugar, havendo com isso
uma troca de saberes, para que o discente seja capaz de intervir na sua
realidade a partir desse conhecimento.
Pensar a formação docente
numa sociedade marcada por múltiplas transformações tem exigido uma profunda
reflexão sobre o dia-a-dia do professor em sala de aula. A contribuição dar-se-á
a partir do momento em que repensa a sua ação-reflexão-ação na sua práxis
pedagógicas, para que os resultados apareçam em sujeitos críticos de seu
verdadeiro papel na sociedade. Gadotti (2003) afirma que “o professor é muito
mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua
própria formação. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir
do que faz”.
Ser educador hoje é mostrar
aos educandos um ponto de vista do mundo que eles ainda não viram, com
dedicação, com amor e acima de tudo com esperança de dias melhores, de acordo
com Rubem Alves (2002) quando ele diz: “Ensinar é um exercício de imortalidade.
De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o
mundo pela magia da nossa palavra. O Professor, assim não morre jamais...”. É
recriando novas atitudes que transformaremos a educação em nosso país, edificando-a
em um lugar onde todos são incluídos e dividem as mesmas oportunidades.
Saber aprender e ensinar no
século XXI, é enfrentar o processo na construção de uma sociedade em busca do
conhecimento, que tem seu foco na produção intelectual, com intensiva
utilização da comunicação e informação, como pressuposto assegurar a todos, a
formação cultural para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando
uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias
manifestações: a cultura provida pela ciência, pela técnica, estética, pelos
valores e ética, bem como pela cultura paralela (meios de comunicação de massa)
e pela cultura cotidiana, precisa ter como requisito integrador a pesquisa.
A pesquisa consiste em
instrumento de ensino e conteúdo de aprendizagem, especialmente importante para
a análise dos contextos em que se insere a situações cotidianas da escola, para
construção de conhecimento que ela demanda e compreensão da própria implicação
na tarefa de educar.
A educação baseia-se na
interação e difusão de conhecimentos que são transmitidos e aprendidos com
outras pessoas, em um processo de cooperação, colaboração e crescimento
contínuo. Entretanto, educar não quer dizer simplesmente ensinar e aprender
significa: “criar homens” socialmente responsáveis, capazes de indagar,
pesquisar, procurar alternativas, experimentar, analisar, dialogar, compreender.
Paulo Freire dizia que “ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não
aprendem sozinhas. Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Para
Paulo Freire em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro e
para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas,
garantindo a todos à possibilidade de se expressar. As autoridades políticas,
professores e pesquisadores têm considerado o uso de novas tecnologias na
educação um movimento necessário na formação dos alunos, já que a tendência do
mercado de trabalho é a máxima exigência do indivíduo quanto às suas
qualificações científicas e tecnológicas. Nesse pressuposto, reportou
D’Ambrósio (1986, pg. 80):
“Estamos entrando na era do
que se costuma chamar a “sociedade do conhecimento”. A escola não se justifica
pela apresentação do conhecimento obsoleto e ultrapassado e muitas vezes morto.
Sobretudo ao se falar em ciências e tecnologia. Será essencial para a escola
estimular a aquisição, a organização, a geração e a difusão do conhecimento
vivo, integrado nos valores e expectativas da sociedade. Isso será impossível
de se atingir sem ampla utilização da tecnologia na educação”.
Portanto, a docência no
ensino fundamental das escolas do campo fará sentido, se produzir um
conhecimento significativo, envolvendo o conteúdo e a realidade com a contextualização
que é o desenvolvimento de conhecimentos práticos, fazendo sentido na vida do
aluno (só se aprende aquilo que se atribuí sentido ou valor), onde este aprenda
a analisar por si só, para que faça suas escolhas com autonomia e
responsabilidade, presentes e necessários à vida contemporânea. Segundo os PCN’s:
“O tratamento
contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o
aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado permite que, ao
longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens
significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do
conhecimento uma relação de reciprocidade. A contextualização evoca por isso,
áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal,
social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas”. (BRASIL,
1999, P 91).
Afirma-se que o PCN
(Parâmetro Curricular Nacional) conclama aos professores a envolverem-se num
processo de transformação na prática pedagógica, que privilegie o aluno, na
busca da formação de um cidadão pleno.
Em recente trabalho sobre as
estruturas da mente, o psicólogo e professor americano Howard Gardner
desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas, onde, segundo Pellegrini
(2001, p. 23), recomenda que “a escola deve valorizar as diferentes habilidades
dos alunos e não apenas a lógico-sistemática e a linguística, como é mais
comum”. Mostrando que as contribuições para a educação emanam de diversas
fontes e correntes e logo entram para o cenário dos debates pedagógicos.
Pessoas do mundo inteiro
colaboram com os processos, adaptando-os às suas realidades e particularidades
locais. Segundo Pellegrini (2001, p. 22), o brasileiro Paulo Freire apregoava
ser “preciso pôr fim à educação bancária, em que o professor deposita em seus
alunos os conhecimentos que possui”. Deve haver interatividade entre professor,
aluno e o meio em que estão inseridos.
Na sociedade da informação,
o educador tem o papel crucial na construção da democracia e da modernidade
onde o seu maior desafio é criar situações de aprendizagem que desenvolvam
senso de pertinência, intuição, sensibilidade para a oportunidade, julgamentos
de valores. Para a formação do indivíduo como cidadão é preciso levar liberdade
e oportunidade, formando cidadãos com dignidade e liberdade de escolha,
cidadãos que acrescentam, que discutem, que propõem. Melhorar as condições de
vida do homem do campo também significa promover o bem estar e a paz.
CONCLUSÃO
A arte de ensinar não é uma
tarefa simples, o saber – fazer docente desperta no aluno, diferentes olhares
sobre o professor, como a sua competência do profissional, integração do conhecimento
subjacente do aluno, o professor reflexivo – crítico; essas características são
percebidas pelos alunos, levando-o a respeita-lo e admira-lo.E isso faz com que
o educando do campo cresça no seu processo educativo. Paulo Freire,nos alerta
“É digna
de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular
e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria sem a qual a
prática educativa perde o sentido. É esta força misteriosa, às vezes chamada
vocação, que explica a quase devoção com que grande maioria do magistério nele
permanece, apesar da imoralidade dos salários. E não apenas permanece, mas
cumpre, como pode, seu dever. Amorosamente acrescento” (FREIRE, 2004, p.142).
O amor à profissão é sempre
necessário, seja qual for o ramo de trabalho, na docência não poderia ser
diferente, ainda mais por se tratar da formação de pessoas, educandos que serão
os futuros cidadãos. A relação professor-aluno e práticas pedagógicas têm o
melhor método quando se baseia na simplicidade, no respeito, no diálogo,
carinho, amor e, sobretudo na valorização da individualidade de cada aluno.
A partir de tudo que foi
abordado sobre as práticas pedagógicas para a Educação no
Campo, pode-se perceber que
é de fundamental importância a capacitação e valorização do professor e do
homem do campo que precisa construir uma relação harmoniosa na relação
professor-aluno. Os educadores precisam de conhecimentos diferenciados próprios
da zona rural, para saber lidar com certas situações e entender a realidade dos
alunos. Portanto cabe ao professor buscar ajuda de outros profissionais para
auxiliar os alunos em suas dificuldades.Ele precisa de capacidade de doação,
querer bem o seu aluno, respeitá-lo, tolerá-lo de forma humilde e alegre, o
aluno deve ser tratado com tolerância, respeito, carinho e doação.
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1 comentários:
No texto apresentado,proponho uma reflexão acerca das necessidades e dos desafios enfrentados pelo professor nas escolas do campo,partindo dos saberes que permeiam as condições concretas de trabalho dos professores que acima de tudo,exercem a sua profissão com muito amor...
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