UCAM-UNIVERSIDADE
CANDIDO MENDES
Divina Maria Farias Santos Lima
A
PRODUÇÃO ARTÍSTICA DE VIK MUNIZ
Malhada-Bahia
2016
UCAM-UNIVERSIDADE
CANDIDO MENDES
Divina
Maria Farias Santos Lima
A
PRODUÇÃO ARTÍSTICA DE VIK MUNIZ
Artigo
Cientifico Apresentado á Universidade Candido Mendes – UCAM - como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Musical e Ensino de
Artes.
Malhada-Bahia
2016
Divina Maria
Farias Santos Lima1
Resumo: Este trabalho tem por objetivo
apresentar os olhares sobre a arte e, como sabemos, a mesma está presente e faz
parte da existência humana. Nessa direção, este trabalho apresenta os
resultados de uma pesquisa, tendo como objeto de investigação a Arte
Contemporânea do Brasil. Para alcançar os objetivos desta pesquisa buscou-se
reconhecer e compreender a produção de Vik Muniz. Para tanto fez-se necessária
uma aproximação da bibliografia relacionada ao tema apresentando uma panorâmica
da arte contemporânea brasileira, destacando a produção artística de Vik Muniz
no contexto artístico contemporâneo do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Existência Humana. Arte Contemporânea.
Vik Muniz
Abstract: This paper
aims to present the looks on the art and, as we know, it is present and is part
of human existence. In this sense, this work presents the results of a survey,
with the research object contemporary art in Brazil. To achieve the objectives
of this research sought to recognize and understand the production of Vik
Muniz. Therefore it was necessary an approximation of the literature related to
the theme presenting an overview of the Brazilian contemporary art, highlighting
the artistic production of Vik Muniz in the contemporary artistic context of
Brazil.
KEYWORDS:
Human Existence. Contemporary art. Vik
Muniz
INTRODUÇÃO
O Trabalho apresenta uma pesquisa sobre a Arte
Contemporânea do Brasil. Por se tratar de um tema muito amplo recortou-se o
mesmo na produção de um único artista brasileiro. Vik Muniz (1961) foi o
escolhido por ser um grande representante da arte da atualidade.
Trataremos da sua contribuição para a arte contemporânea
brasileira. Onde se faz necessário conceituar Arte Contemporânea brasileira,
bem como apresentar uma panorâmica da mesma no Brasil, destacando a produção
artística de Vik Muniz no contexto artístico contemporâneo do Brasil.
Sendo assim, a trajetória que se segue está organizada em
dois tópicos distintos e complementares. Dessa maneira no primeiro tópico,
trata-se da questão da Arte Contemporânea, trazendo o conceito e uma panorâmica
no Brasil, na visão de alguns autores como, por exemplo, Agnaldo Farias, Suelen
Figueiredo, entre outros.
No segundo tópico abordaremos a contribuição de Vik Muniz
para a arte contemporânea brasileira.
DESENVOLVIMENTO
1-A
ARTE CONTEMPORÂNEA
Este tópico apresenta a arte contemporânea e a mesma está
marcada pela reunião de diversos estilos, movimentos e técnicas.
Preliminarmente quando se fala, se pensa, menciona, ou se cita a arte, por que
o assunto de certa forma é complexo, subjetivo, conseqüentemente temos uma gama
de possibilidades, de termos, de “conceitos”, bem, isto nos é permitido argumentar
por mera especulação, ou com objetividade, por que a arte nos dá essa
liberdade, em outras palavras a arte é pura liberdade, é manifestação ora do
que sentimos, imaginamos, ora evidentemente do que vivemos.
Como sabemos, a humanidade está cercada de fatos sociais
que a envolve, fatos estes que acabam refletindo na arte. A própria existência
humana e sua evolução no que se referem ao desenvolvimento nos conduzem ao
significado deste termo. Diversas manifestações artísticas que não eram
consideradas arte, hoje são, e vice e versa, tudo isso, levando em consideração
o tempo, a região, o momento histórico. Em suma somos surpreendidos (em estado
de contemplação) a cada situação, a cada nova criação.
Devido a essa diversidade, é difícil definir a arte
contemporânea (considera-se contemporânea a partir da segunda metade do século
xx).
Nesse período houve uma revolução estética que trouxe
consigo uma sucessão de estilos e movimentos, muitos dos quais de pouca duração
e, em sua maioria, centrados na busca de novas direções e princípios
inovadores.
Estes movimentos e estilos se caracterizaram por marcar
uma ruptura com a arte clássica que dominava desde o renascimento. Na
contemporânea os artistas produziram pinturas não somente com materiais
tradicionais, com o óleo sobre a tela, mas também com qualquer material que
estivesse disponível.
Essa inovação levou as criações ainda mais radicais, como
a arte conceitual e a arte performática. Com isso, ampliou-se a definição de arte,
que passou a incluir, alem de objetos palpáveis, idéias e ações.
Podemos concluir desse modo que, desde as nossas origens,
estamos em constante mudança e a arte acompanha este processo, que acima de
tudo envolve o prazer humano. Despertando nas pessoas as emoções mais profundas
que aparecem quando se lida com a arte. Além disso, a mesma é construída ao
longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, como pelos
afetos e sentimentos, expressando-se com singularidade em cada sujeito.
1.1 Uma panorâmica da arte contemporânea
brasileira
A arte contemporânea Brasileira está marcada, ou melhor,
cercada pela diversidade, bem como, pela ampliação do universo de trabalho
artístico das várias manifestações da arte. Por isso:
Tratar da arte contemporânea no Brasil
implica tratar de um universo amplo, embora não tanto quanto o da cena
internacional. Fenômeno que se explica não só pela pouca quantidade de
artistas, mas também porque o estágio atual da produção artística, embora sirva-se
de temáticas, instrumentos e preocupações provenientes de fora, depende em
essência do que já aconteceu por aqui, das sendas abertas pelos artistas que
vieram anteriormente e que transpuseram os modelos da arte européia para nosso
médio, por meio de obras que lograram ressoar na arte produzida localmente. (FARIAS,
2002, p. 16 e 17).
Se tomarmos por base o contexto de universo, perceberemos
que toda e qualquer produção artística simultaneamente realiza-se ás
transformações e desenvolvimento das áreas do conhecimento, nas quais estamos
envolvidos.
Não podemos deixar de ressaltar os avanços tecnológicos
trazidos por essas vivencias e, conseqüentemente os meios técnicos e
eletrônicos que trouxeram maior conforto á nossa vida nos dando uma visão
abrangente dos acontecimentos de modo geral.
A arte contemporânea brasileira tem o seu primórdio com
as primeiras manifestações a partir da década de 50. Mas precisamente em 20 de
outubro de 1951, com a realização da primeira Bienal de São Paulo,
acontecimento este, que deu abertura a uma grande movimentação no campo
artístico brasileiro.
De acordo com a UNIMES VIRTUAL (Expressão, Linguagem e
Processos de Criação em Artes Visuais. Aula 10 – Informalismo I. Acesso em: 10
de fevereiro de 2012) o reaparecimento do Abstracionismo sugere o rompimento
com a arte figurativa e, basicamente presumir a subjetividade manifestada por
cada artista como liberdade individual, deixa a década marcada.
Com o declínio da abstração, e uma produção artística
despontando captada pela comunicação de massa e o consumo, ambos favorecidos
nos anos 60, com influencias externas e, por conta da censura provocada pela a
repressão, e do tropicalismo, esta década promove a opinião política e a
militância.
Contribuindo com a arte contemporânea no Brasil merecem
destaque dois momentos importantes, ou seja, as duas grandes mostras nesta
década (1960), a Opinião 65 e a Nova Objetividade Brasileira. A primeira mostra
destacava a ruptura com a arte do passado e a segunda a arte brasileira de
vanguarda atual.
O Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro foi o
local das mostras. Nesse período o Brasil atravessava um momento critico em sua
historia: a ditadura militar instalada com o golpe de Estado de 1964, marcada
pelas lutas dos estudantes e trabalhadores contra o já citado regime militar.
Na década de 70, a arte recorre aos métodos tecnológicos
avançados, afastando-se da política e dos problemas sociais, a mesma é
caracterizada pela emblematização da reflexão, da razão, do conceito e da
tecnologia.
Com a organização das eleições diretas em 1984 após o
final do regime militar, a década de 80, é marcada pela passagem democrática,
pela retomada da pintura e pelas mudanças no contexto artístico, marcado por
grandes exposições, bem como, pela globalização mundial.
Nos anos 90, a arte em seu contexto em uma impressão
muito consistente na formação da nova geração. A participação do público e
conseqüentemente a intervenção na obra de arte é um bom exemplo a ser destacado
nesta década.
Para Farias (2002, p. 18):
Finalmente, estão os artistas da década de 90 encerrada
há pouco, cujas obras em construção confirmam a sensação de uma crise aguda ou
mesmo do fim da arte moderna. Obras que se opõem ao projeto de uma linguagem
universal e da busca metódica da novidade pela ruptura que irrompem numa
miríade de poéticas originariam das mais diversas matrizes: das que mergulham
em referencias históricas e pessoais àquelas que parodiam a própria arte e o
circulo na qual ela está enredada; das que criticam a idéia de autonomia da
arte, preferindo abandonar os suportes convencionais-- pintura, escultura,
etc.--em favor de manifestações hibridas, àquelas que descartam as respeitáveis
heranças do neoconcretismo, buscando outras fontes, do barroco mineiro á arte
popular, do debate sobre o problema da imagem na vida atual á especulação sobre
o corpo e suas pulsões etc.
Sendo assim, observamos que, se por um lado as obras em
construção afirmam uma crise, por outro os artistas buscam uma identidade
própria (mais existencial refletida em seus trabalhos), auto-afirmação,
percebemos o rompimento com as convenções metódicas, criando e recriando novas
possibilidades (fontes) para envolver e manter um contato direto, mais
precisamente corpo a corpo com os que o rodeiam.
1-
A
CONTRIBUIÇÃO DE VIK MUNIZ PARA A ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Para Duarte (2011, p. 52) um modo particular de expressar
sentimentos é a obra de arte, que pode ser considerada como linguagem. Neste
caso, a obra de arte se expõe como algo terminal, totalmente pronto, mais como
alguma coisa inacabada, em busca de explicação, recusando-se a ser interpretada
em um plano fechado, mas sim por um método, reunindo, inclusive, seu vir a ser.
Observando este contexto, visando nossa escolha por Vik
Muniz, justamente por ser um artista brasileiro contemporâneo obtendo em terras
estrangeiras o reconhecimento de seu trabalho.
O artista usa diversos materiais, criando e recriando
obras de arte que traduzem um pouco da história da humanidade e da sua própria
história. Utiliza em suas obras técnicas contemporâneas de reprodução
(fotografias) para recriar a imagem á sua maneira, apropriando-se de uma
poética com alto teor de criatividade. Em suma o artista é altamente criativo e
inovador.
O autor incorpora o desenho com a fotografia buscando a
expressão para questões de representação da realidade, encontrando o seu
caminho na arte, ligando-a ao desenho e á pintura, de forma não relativa,
conquistando seu espaço, estabelecendo com o espectador um dialogo verdadeiro,
sua obra provoca no observador, a sensação de estranheza, ao mesmo tempo em que
influi o imaginário diante da reprodução fiel da realidade.
Muniz advoga (2007, p. 21):
O meu primeiro encontro com a fotografia ajudou-me a
entender esse meio pelo que ele é. A fotografia não revela o mundo como um
todo, mas como uma versão dele, cuidadosamente editada. Ela não está presa á
verdade em qualquer circunstância que seja, pois está ligada a uma opinião, o
que, aliás, a faz mais humana do que mecânica. Além do mais, a fotografia tem o
poder de transmitir os dados visuais não como o olho os percebe, mas como o
cérebro os desenvolve, isto é, como um produto intelectual acabado.
Ao construir sua obra, Muniz retrata com muita maestria o
lado divertido, popular, como num passe de mágica, nos deixando extasiados
diante de sua criação. Fazendo uso da ludicidade, empregando os mais diversos
materiais, desde perecíveis a descartáveis que se misturam para formar outras
coisas, outros objetos, por que não dizer outras criações e recriações,
interagindo a imagem com porções de significado, ou seja, para a impressão de
fotografias que surpreendem o observador de perto ou de longe, servindo de
estimulo para a investigação ocular através dos detalhes inusitados.
É importante salientar que o esboço e conseqüentemente o
desenho não é a imagem final do artista. Por meio do desenho o autor preserva
os traços de sua memória. No segundo momento ele registra o desenho através da
fotografia, isso certamente em diversos ângulos, obtendo desta forma, a imagem
final desejada. Realmente é um trabalho minucioso e detalhista, exigindo estudo
e pesquisa, envolvendo diversas técnicas
de criação.
Contudo, Muniz ao pensar na concepção de seu trabalho,
aborda nesse “fazer” seu domínio técnico para desenvolver uma idéia com competência,
com criatividade que lhe é peculiar e muita paciência, exprimindo o seu modo
particular de agir, seu jeito pop.
Muitos são os desafios a serem superados por Muniz nos
dias atuais, mais estes são necessários para que haja evolução, construção,
revelação, produção, para que possamos nos manter encantados diante do humor,
da ludicidade, da criatividade divertida do mesmo.
2.1
Dados biográficos de Vik Muniz
Nascido em São Paulo, em 1961, o fotografo, desenhista,
pintor e gravador, Vicente José de Oliveira Muniz. No mesmo local cursa
publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado- Faap.
Muniz passa a viver e trabalhar nos Estados Unidos, mais
precisamente em Nova York, 1983.
O autor realiza, desde 1988, serie de trabalhos nas quais
investiga, principalmente, temas relativos á representação de imagens do mundo
das artes e dos meios de comunicação, bem como da percepção e á memória.
Figueiredo (2011, p. 58) destaca que os trabalhos de
Muniz por sua grande relevância podem ser encontrados em importantes acervos,
como da Tate Modern do Victoria & Albert Museum, ambos em Londres. E
prossegue acrescentando que Muniz foi curador da mostra “Artist’sChoice”, a
convite do Museumof ModernArt (MoMA New York) e em sua exposição em São Paulo,
estiveram séries famosas como “Pictures of Chocolate” (1997), retratos
recriados com chocolate derretido, “Pictures ofClouds” (2011), registros de
nuvens artificiais feitas com a fumaça de um avião, “The Best of Life” (1989),
e outras bastante recentes, como “Pictures ofGarbage” (documentário brasileiro
indicado ao Oscar), de 2009. Este último foi feito com a ajuda do seu próprio
tema: catadores de lixo do aterro de Gramacho (RJ), que, após serem
fotografados, trabalharam ao lado do artista no processo de montagem das obras,
selecionando as imagens.
CONCLUSÃO
A elaboração do documento conduz a muitas reflexões sobre
a arte e o fazer artístico, procurando e vivenciando a transformação
proporcionada pela mesma, com base em experiências bem sucedidas como a de Vik
Muniz. De fato é muito gratificante verificar que mudanças estão ocorrendo, em
outras palavras, estão sendo feitas, gerando novas tentativas (no sentido de
experiências) que pouco a pouco vem concebendo cidadãos mais críticos e cientes
através da arte
Buscamos ressignificar o olhar a cerca do quadro
artístico brasileiro, bem como, seu contexto histórico, tendo em vista, a
reconstrução do conhecimento sobre a arte. A pesquisa propiciou um contato
maior com ela, com seus colaboradores (destaque para Vik Muniz), sendo uma
experiência produtiva, emocionante e acima de tudo significativa para a
formação pessoal e profissional.
A importância desse estudo, ou seja, os resultados da
pesquisa servirão para melhor compreensão e atuação no que se refere á arte,
exigindo uma nova postura, ou seja, uma reflexão/transformação dos maiores
responsáveis ligados diretamente no processo é importante ressaltar que ao
lidar com este tema, os envolvidos (e que são muitos) se aceitem como seres em
desenvolvimento, principalmente nas questões afetivas, na relação consigo e com
os outros.
Sintetizamos que por meio da informação, instrução,
capacitação, estudo, certamente haverá uma melhor articulação da obra artística
com o espectador no que se refere á apropriação da arte. Porque o conhecimento
nos dá a possibilidade de gostar de coisas que até então eram despercebidas,
pela falta de um olhar mais apurado, técnico, melhor dizendo, educado,
sensível.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Agnaldo. Arte
brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002.
FIGUEIREDO, Suelen. Vik Muniz. Revista FOTOgrafia, abril 2011. Disponível em: http://www.revistafotografia.com.br/vik-muniz/>.
Acesso em: 03 de fevereiro de 2012.
ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia
de Artes Visuais: Vik Muniz. São Paulo: Itaú Cultural, s.d. Disponível em: http://www.itaucultural.org/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_criticas&cd_verbete=3507&cd_item=15&cd_idioma=28555>.
Acesso em: 10 de março de 2012.
MUNIZ, Vik. Website
oficial do artista. Disponível em: htpp://WWW.vikmuniz.net/>. Acesso em:
12 de julho de 2016.
MUNIZ, Vik. Reflex: Vik
Muniz de A a Z.
São Paulo: Cosc&Naif, 2010.
Disponível em: htpp://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&Ir=&id=6d-ylEl44PoC&oi=fnd&pg=PA9&dq=como+vik+cria+suas+obras&ots=wS9_ZDXC0K&sig=jicihKNmPbGt0g42-bbfL3cCVmo#v=onepage&q&=false>.
Acesso em 12 de julho de 2016.
UNIMES VIRTUAL. Ambiente Virtual de Aprendizagem,
2012.1.Expressão, Linguagem e Processos de Criação em Artes Visuais. Aula 10 – Informalismo I. Acesso em 10 de
fevereiro de 2012.
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