Metade
dos municípios brasileiros vem atingindo, desde 2007, as metas do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para os anos
iniciais do ensino fundamental nas escolas públicas, etapa que vai do 1º
ao 5º ano. Nos anos finais, do 6º ao 9º ano, a porcentagem cai para
18,9%. Em toda a série histórica, entre as capitais, apenas cinco batem
as metas para os anos finais e 14 para os anos iniciais.
O
levantamento foi feito pelo Instituto Ayrton Senna para a Agência
Brasil, com base nos dados divulgados ontem (8) pelo Ministério da
Educação (MEC). Foi considerado o Ideb das escolas públicas, tanto da
rede municipal quanto estadual.
O
Ideb é um indicador de qualidade dos ensinos fundamental e médio,
divulgado a cada dois anos. O índice é calculado com base em dados sobre
aprovação e desempenho escolar obtidos por meio de avaliações do MEC.
Desde a criação do indicador, em 2005, foram estabelecidas metas que
devem ser atingidas por escolas, prefeituras e governos estaduais.
As
metas intermediárias são diferenciadas para cada ente federativo e
escola, porque cada um partiu de um ponto distinto em 2005. O objetivo é
que o país atinja o Ideb nos 6 anos iniciais do ensino fundamental até
2021 e nos anos finais até 2025.
Nos
anos iniciais, a meta é cumprida nacionalmente desde 2007, quando
começou a ser estipulada. Para 2015, a meta do Brasil é de 5,2. A etapa
alcançou 5,5. Nos anos finais, a meta foi descumprida pela primeira vez
em 2013. Em 2015, o índice esperado de 4,7 também não foi alcançado. A
etapa registrou um Ideb de 4,5.
"Nos
anos iniciais, o Brasil vem melhorando de forma consistente e vai bater a
meta prevista talvez até mesmo antes de 2021. Já nos anos finais, o
Brasil melhora, mas não o suficiente para bater a meta, vai ter que
fazer um esforço maior", diz o diretor de articulação e inovação do
Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.
Dos
cerca de 4,7 mil municípios com Ideb divulgado desde o início da série
histórica, 2,3 mil vêm batendo sistematicamente as metas. Considerando
apenas o Ideb de 2015, a porcentagem aumenta. Dos cerca de 5,3 mil com o
índice calculado, 4 mil, ou 75,8% bateram a meta para os anos iniciais.
Nos anos finais, considerando apenas o Ideb de 2015, a porcentagem
também aumenta, passando para 28,6%. Apesar da melhora, a porcentagem
significa que, nos anos finais, cerca de 70% dos municípios não
conseguiram cumprir o estipulado para o ano e, nos anos iniciais, 50%.
"Para
início do ensino fundamental, parece que encontramos o caminho, mas
quando começa a ter um professor por disciplina, o Brasil desanda e não
têm mais condições de dar a resposta que precisa. O problema se agrava
depois no ensino médio", disse Ramos.
Na
avaliação do presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista
Oliveira, para melhorar a educação, é preciso investir na formação de
professores. "Primeiro é preciso perder a ideia de que mais é igual a
melhor, isso não cola na educação. O que é preciso para melhorar é ter
bons professores e, para isso, tem que atrair gente muito boa para ser
professor. O Brasil não chegou sequer a pensar nisso", afirmou.
Segundo
ele, fatores externos como a melhoria do nível socioeconômico dos
brasileiros, que têm mais peso nos anos iniciais, podem ter influenciado
no cumprimento da meta do Ideb e no desempenho dos estudantes. Mais
para frente quando o ensino depende mais da escola, os índices não são
satisfatórios.
Estados e capitais
Cinco
capitais bateram as metas do Ideb nas escolas públicas para os anos
finais do ensino fundamental desde o início da série histórica: Manaus,
Fortaleza, Goiânia, Cuiabá e Campo Grande. Considerando apenas o Ided de
2015, Recife e Teresina também se unem ao grupo.
Nos
anos iniciais, mais capitais cumpriram a meta desde 2007: Rio Branco,
Salvador, Fortaleza, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Belo Horizonte, João
Pessoa, Curitiba, Teresina, Rio de Janeiro, Boa Vista, Florianópolis e
Palmas. Em 2015, além dessas cidades, Manaus, Vitória, Recife, Natal e
São Paulo também bateram a meta.
Minas
Gerais é o estado que mais concentra municípios que bateram as meta de
2015 para os anos iniciais e finais. Nos anos iniciais, foram 752
cidades, o equivalente a 18,8% com os dados do Ideb disponíveis. Em
segundo lugar, nos anos iniciais, está São Paulo com 484 municípios,
12,1%; e, em terceiro, o Paraná, com 317 municípios, ou 7,9%.
Nos
anos finais, 399 cidades mineiras, o equivalente a 26,6% daquelas com
Ideb computado para as escolas públicas, atingiram a meta. Em segundo
lugar está o Ceará, com 147 municípios, ou 9,8%; e, em terceiro, Goiás,
com 146, ou 9,7%.
Veja o Ideb das capitais para os Anos Iniciais (AI) e Anos Finais (AF):
NORTE
Manaus - AI: 5,5; AF: 4,4
Macapá - AI: 4,4; AF: 3,5
Boa Vista - AI: 5,5; AF: 3,8
Belém - AI: 4,4; AF: 3,3
Porto Velho - AI: 4,9; AF: 3,7
Rio Branco - AI: 5,8; AF: 4,5
Palmas - AI: 6,0; AF: 4,7
Macapá - AI: 4,4; AF: 3,5
Boa Vista - AI: 5,5; AF: 3,8
Belém - AI: 4,4; AF: 3,3
Porto Velho - AI: 4,9; AF: 3,7
Rio Branco - AI: 5,8; AF: 4,5
Palmas - AI: 6,0; AF: 4,7
NORDESTE
Maceió - AI: 4,3; AF: 3,0
Aracaju - AI: 4,3; AF: 3,1
Salvador - AI: 4,7; AF: 3,1
São Luís - AI: 4,6; AF: 4,0
Natal - AI: 4,6; AF: 3,2
João Pessoa - AI: 4,6; AF: 3,7
Recife - AI: 4,6; AF: 3,9
Teresina - AI: 5,9; AF: 4,6
Fortaleza - AI: 5,4; AF: 4,2
Aracaju - AI: 4,3; AF: 3,1
Salvador - AI: 4,7; AF: 3,1
São Luís - AI: 4,6; AF: 4,0
Natal - AI: 4,6; AF: 3,2
João Pessoa - AI: 4,6; AF: 3,7
Recife - AI: 4,6; AF: 3,9
Teresina - AI: 5,9; AF: 4,6
Fortaleza - AI: 5,4; AF: 4,2
SUL
Porto Alegre - AI: 4,8; AF: 3,6
Curitiba - AI: 6,3; AF: 4,6
Florianópolis - AI: 5,7; AF: 4,6
Curitiba - AI: 6,3; AF: 4,6
Florianópolis - AI: 5,7; AF: 4,6
SUDESTE
Vitória - AI: 5,6; AF:
Rio de Janeiro - AI: 5,6; AF: 4,1
São Paulo - AI: 6,1; AF: 4,3
Belo Horizonte - AI: 6,2; AF: 4,4
Rio de Janeiro - AI: 5,6; AF: 4,1
São Paulo - AI: 6,1; AF: 4,3
Belo Horizonte - AI: 6,2; AF: 4,4
CENTRO-OESTE
Campo Grande - AI: 5,4; AF: 4,8
Brasília - AI: 5,6; AF: 4,0
Cuiabá - AI: 5,4; AF: 4,3
Goiânia - AI: 5,7; AF: 4,9
Brasília - AI: 5,6; AF: 4,0
Cuiabá - AI: 5,4; AF: 4,3
Goiânia - AI: 5,7; AF: 4,9
Fonte: Undime/Agência Brasil
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